A Carregar
Conteúdos

Este conteúdo não existe no idioma que tinha seleccionado.

Haitong deve fazer novo aumento e contratar mais profissionais no Brasil

Um novo aumento de capital deverá marcar uma das primeiras iniciativas do Banco

Um novo aporte de capital deverá marcar uma das primeiras iniciativas do banco chinês Haitong no Brasil. O banco ainda não detalhou o aporte, mas a estratégia faz parte de uma série de ações que o grupo chinês planeia levar adiante para fazer a filial brasileira crescer, mesmo em altura de recessão que tem feito bancos de investimento repensarem a continuidade das suas estruturas no país.

“Nós não temos uma visão oportunista do nosso negócio. Nós não vamos ao Brasil quando as coisas estão boas e saímos do país quando as coisas pioram”, avalia o presidente do grupo Haitong, José Maria Ricciardi.

Ricciardi está no BESI desde 1992 e assumiu a presidência do banco em 2003. Hoje comanda as operações do Haitong nas Américas e na Europa. De Portugal, o executivo falou com o Valor por teleconferência realizada na sede do banco chinês em São Paulo.

Afirma que, sob o controlo da Haitong, a filial brasileira tem maior capacidade de crescimento por ter um accionista com maior força financeira. Nesse sentido, além de reforçar o capital, o banco deverá recrutar profissionais no país para ampliar áreas que ainda têm potencial de expansão para gerar novos negócios.

Nos planos de contratação, também há a perspectiva de substituir o presidente da filial brasileira, Rafael Valverde, que numa estrutura atípica, nesse período de transição também comanda as filiais do Haitong nos Estados Unidos e em Portugal. A ideia é contratar um presidente brasileiro que, inicialmente, irá reportar a Valverde, e depois deverá assumir as operações em definitivo.

Outras contratações devem vir em linhas de actuação específicas. “Vamos investir mais em áreas em que ainda somos incipientes como Private Banking, Wealth Management”. No Private, o banco avalia, inclusive, a possibilidade de fazer aquisições.

Para crescer no Brasil, a estratégia do banco é preencher lacunas e atender as necessidades das empresas em crise. Na visão de Ricciardi, quando os mercados não estão bons, também há oportunidades que podem ser aproveitadas pelos bancos. “As empresas têm de vender subsidiárias, algumas precisam pagar dívidas, alongar prazos, outras precisam se capitalizar”, exemplifica.

Para além da fronteira brasileira, o banco quer aproveitar sua estrutura na China, onde é o segundo maior banco de investimentos, para ampliar o diálogo com o Brasil e o país asiático. Questionado se a redução do crescimento económico na China não poderia atrapalhar esses planos, o executivo diz não.

Para ele, ao contrário do que o mercado prevê, os diversos investimentos da China no exterior prosseguirão porque há um crescimento grande da classe média chinesa, que passou de 100 milhões para 300 milhões de pessoas. “A classe média chinesa deve chegar a 800 milhões de pessoas, em 2030. Esse aumento vai ampliar o consumo interno e compensar uma possível queda nas exportações”, avalia.

Além disso, ele prevê que investidores chineses, que acumularam capital ao longo dos últimos anos, deverão procurar a diversificação de seus investimentos e terão a América Latina, os Estados Unidos e a Europa no foco. O Haitong espera mediar essas operações.

“Os chineses vão começar a internacionalizar os activos e investir em fundos de pensão e fundos de investimento, não apenas em infraestrutura”, diz o executivo português. A aproximação entre os dois países também prevê a possibilidade de que o banco faça a ponte entre empresas brasileiras de capital aberto que querem negociar as suas acções na bolsa de Shangai e companhias chinesas que querem ter seus papéis negociados na bolsa de valores brasileiras.

Os planos são ambiciosos e o Haitong almeja estar entre os players mais importantes do Brasil. Além da vantagem de pertencer ao segundo maior conglomerado chinês, o banco fará uma campanha de marketing para reforçar sua marca no mercado brasileiro. A primeira fase da campanha começou em setembro e deve durar três meses.

O BESI foi comprado em dezembro pelo Haitong International Holdings, que ficou com 80% do controle da instituição no Brasil. Os outros 20% permanecem nas mãos do Bradesco e não há planos para que essa parceria seja desfeita. O Haitong adquiriu o controle das mãos do Novo Banco, instituição financeira que foi criada com os ativos saudáveis do Banco Espírito Santo (BES), após seu colapso e a intervenção do Banco de Portugal.

Em Valor Económico
por Fabiana Lopes e Chrystiane Silva